Um lampejo na serração

24/05/2010 21:12

 

Dia desses saí de Porto Alegre pela tarde para tentar chegar à praia no fim da tarde, aproveitando a luminosidade prolongada do horário de verão. Chegando na Estrada do Mar (estrada que liga diversas praias do litoral norte gaúcho) percebi que havia uma grande serração, o que é bem atípico neste período do dia. Após muita expectativa para chegar, alcancei o meu destino e restava-me em torno de uma hora para surfar. Quando peguei minha prancha e fui em direção à praia tive uma grande surpresa, não conseguia visualizar como estava o mar, se havia alguém n’água ou qualquer outra coisa que poderia ter pela frente. 

Já com a prancha embaixo do braço e cordinha na perna, fui molhar os pés e dei-me por conta que não via nada, a não ser as primeiras ondas que quebravam a cerca de 20 metros de onde estava. Foi então que alguns conceitos lidos diversas vezes, começaram a fazer sentido para mim. Os conceitos de karma, maya e samádhi. 

Só para que entendamos um pouco sobre estes conceitos hindus, aí vão algumas explicações básicas:

Karma representa uma lei universal de ação e reação, tal como para toda causa tem um efeito. Nada tem de pesado ou denso nesta lei, ela apenas mostra que devemos sempre estar atentos aos nossos atos, já que em todos os segundos da vida estamos tecendo o futuro próximo ou distante.

Maya refere-se ao conceito do véu de ignorância que ofusca nossa consciência, deixando-nos menos lúcidos, diminuindo nosso discernimento e interferindo diretamente no nosso karma.

Samádhi é a meta do Yôga, um estado de hiperconsciência e megalucidez que só o Yôga proporciona.

Bom, poderíamos substituir os termos surfar por karma, serração por maya e samádhi pela visão e consciência ampla adquirido por esse estado de consciência. Visto isso, percebi que o karma era o meu objetivo (surfar), que era ofuscado por maya (serração).  Se eu estivesse em samádhi, a serração iria se dissipar, me proporcionando uma consciência mais ampla do cenário que me aguardava. Simples assim. E deve ser por isso que aquele que conquista a hiperconsciência não tem mais retorno kármico, já que tece seu futuro sabendo exatamente o que ocorrerá, primando sempre pelas obras mais relevantes e nobres visto que o retorno é muito gratificante.

 

Escrito por Lucas Ferreira.

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